sábado, 23 de outubro de 2010

Poema um pouco simbolista

A lua do céu
Reflete no mar
Seu brilho albino
Que a faz sonhar

Sua própria imagem
Refletida na água
Lhe faz companhia
E lhe permite conversar

As estrelas-crianças
Brincam a sua volta
E em sua alegria
Parecem não a notar

Triste solidão lunar
Que procura no mar
-a mar-
Um amigo

Ó solitária lua,
Minha cantiga é mais triste que a tua!

Meu infeliz coração
Que bate sozinho
Não possui um reflexo
Para o acompanhar

Meu triste coração
Inveja o carinho
Daquela sua imagem
Relfetida no mar

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Como Camilo já dizia...


“... a felicidade, como história, escreve-se em poucas páginas... Volume que descrevesse um amor de bem-aventuranças terrenas, seria uma fábula.” Camilo Castelo Branco

Como Camilo já dizia, o amor feliz não gera histórias.

Pare por um segundo e pense nas três melhores histórias de amor que você conhece. Elas têm um final feliz? Aposto que pelo menos duas delas possuem um fim trágico. Parece que as histórias tristes nos atraem mais. Por que será?

Já repararam que na mais famosa história de amor de todos os tempos os dois amantes morrem devido às desavenças entre suas famílias? O efeito de Romeu e Julieta não seria o mesmo se os apaixonados vivessem felizes para sempre no final. Seria apenas mais um conto de fadas e todos sabemos o quanto contos de fadas estão longe da realidade. De alguma forma, o trágico destino dos protagonistas torna sua história mais verdadeira e por isso é mais fácil se identificar com ela.

Na vida, todos passamos por momentos bons e ruins; uma alternância entre a felicidade e a tristeza. Quando estamos felizes, nos sentimos completos e queremos compartilhar nossa alegria com todos ao nosso redor. Entretanto, quando ficamos tristes, nos sentimos sozinhos e desamparados e muitas vezes procuramos conforto em histórias fictícias. Por isso, aquele personagem que sofre e é miserável é extremamente importante nessas horas. É necessário nos identificarmos com ele para sentir que não estamos passando por esse momento sozinhos. Temos esse novo “amigo” que sabe exatamente o que estamos sentindo. Nesse momento, parece que a nossa dor diminui. Não precisamos desse reconforto com a felicidade. Tem uma frase de um autor desconhecido que diz: “Uma alegria compartilhada se transforma em dupla alegria; uma dor compartilhada, em meia dor”.

Ninguém quer ler sobre um amor simples, fácil, sem lutas e sem conflitos. Precisamos de triângulos amorosos como em Les Misérables ou Amor de Perdição onde um dos personagens sofre por não ter seus sentimentos correspondidos. Precisamos do perigo de um amor entre humanos e “monstros”, seja como em Drácula ou como em Entrevista com o Vampiro. Precisamos de histórias onde o amor enfrenta doenças e até a morte, como nos livros do Nicholas Sparks. Precisamos de amores impossíveis como aquele entre o menino que não quer crescer e a menina que vira adulta ou o do pequeno príncipe e sua rosa.

Porque esses amores e esses personagens, apesar de inventados, são reais.

Então, obrigada Camilo, obrigada Shakespeare, obrigada Victor Hugo, Bram Stoker, Nicholas Sparks, J. M. Barrie, Antoine de Sant-Exupéry. Ao lermos suas histórias, nos tornamos um pouquinho mais fortes e passamos a acreditar que podemos superar nossos problemas que são tão banais comparados aos de seus personagens.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Uns Olhos

Andas na rua com o olhar no chão. Levantas a cabeça para o sinal e nesse instante encontras algo: um olhar. Tu ja vistes esses olhos antes.
Esses olhos já encontraram os teus. Há muitos anos. Esses olhos já te olharam, não por fora, mas por dentro. Viram tua alma nua e desamparada.
Esses olhos já conversaram com os teus, uma conversa eterna. Contaram histórias, dividiram segredos, trocaram juramentos silenciosos.
Esses olhos já fora teus melhores amigos, teus únicos cúmplices, teu principal motivo de vida.
Mas quando, meu Deus, quando? A quem pertencem esses olhos? Quem é esse estranho tão familiar a ti? O que houve entre aquele olhar e o teu?
Passas reto pelo estranho e deixas para trás mais uma vez tudo que aconteceu. Uns olhos. Há muitos anos.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O Não Saber

Prefiro a certeza à dúvida.
A certeza é um fato, uma verdade. A dúvida é o não saber.
Não saber se foi bem naquela prova. Não saber se deve confiar em alguém. Não saber se vai gostar daquela festa. Não saber se deve seguir seus intintos. Não saber se aquilo foi uma mentira. Não saber se ele está com outra. Não saber se aquele parente vai sobreviver àquela cirurgia. Não saber se seus sentimentos são recíprocos.
O não saber me consome. Sem as respostas para minhas perguntas o que me resta é criar em minha mente possíveis soluções. Algumas dessas soluções imaginárias me aliviam a sensação de incerteza momentaneamente, entretanto muitas delas me fazem sofrer antecipadamente por algo que é incerto. O não saber dói.
Quando você tem a certeza, você pode começar o processo de aceitação e depois o de superação, mesmo que seja difícil e demore. Quando você só tem a dúvida, ambos os processos são inviáveis. Como superar algo que você não sabe se é verdade?
Mas às vezes não temos recursos para esclarecer nossas dúvidas. Então, somos obrigados a conviver com o não saber e precisamos aprender a não permitir que ele tome conta de nós. Às vezes só precisamos ter um pouco de fé, seja em nós mesmos, em outros ou em um Deus. Através da confiança o não saber vira o saber e a certeza substitui dúvida.

domingo, 18 de abril de 2010

Honestamente

Sinto sua falta. Essa é a verdade.
Por que quero tanto falar com você? Parece que meu corpo e minha mente necessitam disso. Quase como oxigênio.
Tenho pensado muito em você nos últimos dias... Como você está? Como está indo sua carreira? Você já conheceu alguém que possa "me substituir" de certa forma? Alguém que possa interpretar o meu papel?
E se você já tiver encontrado? E estiver feliz com ela? E não pensar mais em mim... E se eu ficar em preto e branco na sua memória? E se aos poucos os rolos de filme da nossa história começarem a se desfazer? E se um dia eu for alguém de quem você se lembra vagamente? Uma imagem embaçada pelo tempo...
Talvez eu esteja parecendo meio egoísta pensando nessas coisas. Talvez você realmente precise me esquecer, para seguir adiante tranquilo, e não cabe a eu impedi-lo.
Mas esses são meus pensamentos honestos. Nada posso fazer para mudá-los.
Eu gostaria de ter você de volta, como amigo. Será que isso ainda é possível?
Ou quem sabe eu só queira alguém para suprir minha vontade de ter alguém tão especial por perto. E enquanto não encontro ninguém novo que possa representar esse papel em minha vida, papel este que foi escrito originalmente para você, estou sempre querendo que você abra uma exceção e prolongue o seu contrato. Só mais um pouquinho... Só até eu encontrar um substituto.
Mas não é tão fácil assim. Preciso mudar um pouco o script. Ninguém mais pode interpretar o mesmo personagem que você. Não seria justo.
É, parece que às vezes a vida é mais forte do que nós...
Só queria que você soubesse que você nunca será preto e branco ou cor de sépia em minhas memórias. As lembranças que tenho de você sempre serão coloridas, mesmo as de dias cinzentos. Espero que o tempo seja gentil e não desfaça os rolos de filme da nossa história para que eu possa assisti-los novamente sempre que desejar. E se sua imagem algum dia embaçar em minha mente, arranjarei lentes, para continuar a vê-la nitidamente.


sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sobre a vida

É isso que a vida faz. Nos surpreende. A previsibilidade é monótona e entediante. O que faz viver valer a pena são os momentos inesperados, que tiram o nosso ar, nos deixam sem palavras e nos fazem nos perguntar se aquilo foi mesmo real. Se tudo ocorresse da forma como esperamos não haveria adrenalina, expectativa, emoção.

A vida é assim. Todo dia temos que escolher caminhos para seguir, às vezes tão rapidamente que nem paramos para pensar sobre o que poderia acontecer caso tomássemos outra decisão. E mais tarde, de repente, nos pegamos pensando "Nossa, se eu tivesse feito isso ao invés daquilo...". Mas então é tarde e o tempo já nos roubou aquele momento. Não dá para voltar atrás. Ao mesmo tempo, não podemos viver todo instante pensando em suas consequências. É preciso arriscar, mesmo que cometamos erros. Às vezes errando nos sentimos mais vivos do que fazendo o certo. Já repararam que a maioria de nossas melhores lembranças são momentos em que cometemos atos incomuns, inesperados ou proibidos? Aquela vez em que colamos descaradamente na prova e o professor não viu ou aquela em que pulamos na piscina à noite, de roupa e tudo ou ainda aquele beijo bem dado repentinamente em um de nossos melhores amigos. São esses momentos que nos não a sensação de estarmos vivos. Então imagine, realize, emocione, surpreenda. Arrisque, tropece, levante, prossiga. Erre, chore, grite, sofra. Sonhe, crie, pense, faça. Cante, dance, veja, ouça, beije, ame, ria e viva.

domingo, 4 de abril de 2010

A lição mais difícil

Ninguém é perfeito. Talvez essa seja uma das lições de vida mais difíceis de aprender. As pessoas não agem da maneira como esperamos. Elas nos surpreendem e nos decepcionam, pois são apenas humanas. Mesmo aqueles amigos de muitos anos, que julgamos conhecer profundamente e adoramos, agem de forma que não nos agrada. Uma decisão inesperada, um erro cometido, uma opinião diferente. Por que somos mesmo amigos? A questão é que as pessoas não vivem para nos agradar ou viver às nossas expectativas. É muito difícil aceitar isso. Talvez nem consigamos aceitar, mas temos que pelo menos aprender a conviver com este fato. Às vezes precisamos dizer "eu te perdôo", concordar em discordar ou respeitar o comportamento do outro, mesmo sem entendê-lo. Senão ficaríamos sem amigos. E todos sabemos que ninguém quer ficar sozinho. Por isso, tentem ser menos duros com seus amigos. Eles errarão sim, assim como você. O que mostra o valor de uma amizade não é quantos erros alguém comete, mas quantas vezes você está disposto a perdoá-los.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Poema sobre memórias...

Memórias...
Às vezes penso que não passam de lembranças
De momentos mais felizes
Ou tristes
Que aparecem eventualmente
Para nos assombrar

Memórias são sofridas.
São partículas da nossa vida que
Ficaram presas
No tempo,
Reféns.
E nós, simples expectadores,
Não podemos resgatá-las.

Memórias...
Nosso passado e
Nosso presente, ainda não o futuro.

Sem elas, o que seríamos
De nós?

Desabafando


Ninguém pode mandar em mim. Pelo menos não em meus sentimentos.

“Poxa, não precisa ficar tão chateada com essa bobagem!” Bobagem?? Deixa que eu decido isso. Você não está no meu lugar, não pode saber como essa “bobagem” me afeta.

Se eu quiser me trancar em um quarto o dia todo e chorar por uma “bobagem” eu vou! Se eu nunca mais quiser ter que conviver com alguém que fez uma “bobagem” comigo eu não vou! Se eu quiser perdoar uma pessoa, mas não outra, não é você que vai me impedir. Se você prefere que eu supere algo que eu não consigo superar, só porque é mais conveniente para você, sinto muito!

Eu não escolho o que eu sinto, acredite. Ninguém escolhe! Você realmente acha que eu gosto de me sentir dessa maneira? Se houvesse uma poção mágica que fizesse esse sentimento desaparecer eu a beberia! Ou talvez não, porque ele faz parte de quem eu sou. Eu reajo desta maneira a essa “bobagem”. Como você reagiria se fosse com você? Eu gostaria de saber. É tudo tão mais fácil quando se trata dos outros, não é?

Combinemos o seguinte: primeiro passe por uma situação igual à minha, depois venha me dizer como eu "devo me sentir".

Por que resolvi começar esse blog?

Recentemente desenvolvi uma vontade de expressar sentimentos e pensamentos através da escrita, coisa que não fazia antes. Geralmente à noite, pego meu netbook e começo a escrever textos. Virou meio que uma necessidade. Parece que às vezes não quero conversar com alguém sobre o que está na minha cabeça, mesmo sentindo que preciso.

Por isso fiz da escrita minha nova terapia. Ao tentar expressar em palavras coisas abstratas da minha mente, consigo repensar minhas atitudes e emoções e ao mesmo tempo desabafar o que está dentro de mim querendo sair. Faço isso geralmente de uma forma não muito pessoal (sem nomes ou relações diretas entre pessoas e acontecimentos), de forma que qualquer pessoa pode ler os textos que escrevo e quem sabe até se identificar com eles (o que pode ser um alívio para mim!).


Peço que por favor não me perguntem para quem ou porquê escrevi certo texto. Escrevo para mim e por motivos que talvez nem mesmo eu entenda (por serem tão abstratos).

Espero que gostem do blog e que achem nele uma forma verbalizada das coisas infaláveis da vida.