sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Como Camilo já dizia...


“... a felicidade, como história, escreve-se em poucas páginas... Volume que descrevesse um amor de bem-aventuranças terrenas, seria uma fábula.” Camilo Castelo Branco

Como Camilo já dizia, o amor feliz não gera histórias.

Pare por um segundo e pense nas três melhores histórias de amor que você conhece. Elas têm um final feliz? Aposto que pelo menos duas delas possuem um fim trágico. Parece que as histórias tristes nos atraem mais. Por que será?

Já repararam que na mais famosa história de amor de todos os tempos os dois amantes morrem devido às desavenças entre suas famílias? O efeito de Romeu e Julieta não seria o mesmo se os apaixonados vivessem felizes para sempre no final. Seria apenas mais um conto de fadas e todos sabemos o quanto contos de fadas estão longe da realidade. De alguma forma, o trágico destino dos protagonistas torna sua história mais verdadeira e por isso é mais fácil se identificar com ela.

Na vida, todos passamos por momentos bons e ruins; uma alternância entre a felicidade e a tristeza. Quando estamos felizes, nos sentimos completos e queremos compartilhar nossa alegria com todos ao nosso redor. Entretanto, quando ficamos tristes, nos sentimos sozinhos e desamparados e muitas vezes procuramos conforto em histórias fictícias. Por isso, aquele personagem que sofre e é miserável é extremamente importante nessas horas. É necessário nos identificarmos com ele para sentir que não estamos passando por esse momento sozinhos. Temos esse novo “amigo” que sabe exatamente o que estamos sentindo. Nesse momento, parece que a nossa dor diminui. Não precisamos desse reconforto com a felicidade. Tem uma frase de um autor desconhecido que diz: “Uma alegria compartilhada se transforma em dupla alegria; uma dor compartilhada, em meia dor”.

Ninguém quer ler sobre um amor simples, fácil, sem lutas e sem conflitos. Precisamos de triângulos amorosos como em Les Misérables ou Amor de Perdição onde um dos personagens sofre por não ter seus sentimentos correspondidos. Precisamos do perigo de um amor entre humanos e “monstros”, seja como em Drácula ou como em Entrevista com o Vampiro. Precisamos de histórias onde o amor enfrenta doenças e até a morte, como nos livros do Nicholas Sparks. Precisamos de amores impossíveis como aquele entre o menino que não quer crescer e a menina que vira adulta ou o do pequeno príncipe e sua rosa.

Porque esses amores e esses personagens, apesar de inventados, são reais.

Então, obrigada Camilo, obrigada Shakespeare, obrigada Victor Hugo, Bram Stoker, Nicholas Sparks, J. M. Barrie, Antoine de Sant-Exupéry. Ao lermos suas histórias, nos tornamos um pouquinho mais fortes e passamos a acreditar que podemos superar nossos problemas que são tão banais comparados aos de seus personagens.

Um comentário:

  1. Nossa, eu nunca tinha parado para analisar dessa forma, mas faz muito sentido! Muito obrigada também à Celine Dion, autora do grande hino "All by myself".
    Ótimo texto, Gaby!!

    Beijosss

    ResponderExcluir