sexta-feira, 15 de abril de 2011

Orvalho














Orvalho: irritação no olho da planta.

Orvalho: parte de nuvem chovida que abraça a folha.

Orvalho: última tentativa desesperada da gota de não cair.

Orvalho: pedaço de alma da chuva.

Orvalho: lágrima escorrida paralisada na face da planta.

Orvalho durante o dia deixa de ser água e passa a ser luz.

Orvalho quando cai é tempestade de formiga.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Amarelinha

Crianças brincavam pulando alegres.

Brincavam pulando alegres.
Crianças pulando alegres.
Crianças brincavam alegres.
Crianças brincavam pulando.

Então, uma pisou no lugar da pedrinha e foi rida pelas outras.

sábado, 23 de outubro de 2010

Poema um pouco simbolista

A lua do céu
Reflete no mar
Seu brilho albino
Que a faz sonhar

Sua própria imagem
Refletida na água
Lhe faz companhia
E lhe permite conversar

As estrelas-crianças
Brincam a sua volta
E em sua alegria
Parecem não a notar

Triste solidão lunar
Que procura no mar
-a mar-
Um amigo

Ó solitária lua,
Minha cantiga é mais triste que a tua!

Meu infeliz coração
Que bate sozinho
Não possui um reflexo
Para o acompanhar

Meu triste coração
Inveja o carinho
Daquela sua imagem
Relfetida no mar

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Como Camilo já dizia...


“... a felicidade, como história, escreve-se em poucas páginas... Volume que descrevesse um amor de bem-aventuranças terrenas, seria uma fábula.” Camilo Castelo Branco

Como Camilo já dizia, o amor feliz não gera histórias.

Pare por um segundo e pense nas três melhores histórias de amor que você conhece. Elas têm um final feliz? Aposto que pelo menos duas delas possuem um fim trágico. Parece que as histórias tristes nos atraem mais. Por que será?

Já repararam que na mais famosa história de amor de todos os tempos os dois amantes morrem devido às desavenças entre suas famílias? O efeito de Romeu e Julieta não seria o mesmo se os apaixonados vivessem felizes para sempre no final. Seria apenas mais um conto de fadas e todos sabemos o quanto contos de fadas estão longe da realidade. De alguma forma, o trágico destino dos protagonistas torna sua história mais verdadeira e por isso é mais fácil se identificar com ela.

Na vida, todos passamos por momentos bons e ruins; uma alternância entre a felicidade e a tristeza. Quando estamos felizes, nos sentimos completos e queremos compartilhar nossa alegria com todos ao nosso redor. Entretanto, quando ficamos tristes, nos sentimos sozinhos e desamparados e muitas vezes procuramos conforto em histórias fictícias. Por isso, aquele personagem que sofre e é miserável é extremamente importante nessas horas. É necessário nos identificarmos com ele para sentir que não estamos passando por esse momento sozinhos. Temos esse novo “amigo” que sabe exatamente o que estamos sentindo. Nesse momento, parece que a nossa dor diminui. Não precisamos desse reconforto com a felicidade. Tem uma frase de um autor desconhecido que diz: “Uma alegria compartilhada se transforma em dupla alegria; uma dor compartilhada, em meia dor”.

Ninguém quer ler sobre um amor simples, fácil, sem lutas e sem conflitos. Precisamos de triângulos amorosos como em Les Misérables ou Amor de Perdição onde um dos personagens sofre por não ter seus sentimentos correspondidos. Precisamos do perigo de um amor entre humanos e “monstros”, seja como em Drácula ou como em Entrevista com o Vampiro. Precisamos de histórias onde o amor enfrenta doenças e até a morte, como nos livros do Nicholas Sparks. Precisamos de amores impossíveis como aquele entre o menino que não quer crescer e a menina que vira adulta ou o do pequeno príncipe e sua rosa.

Porque esses amores e esses personagens, apesar de inventados, são reais.

Então, obrigada Camilo, obrigada Shakespeare, obrigada Victor Hugo, Bram Stoker, Nicholas Sparks, J. M. Barrie, Antoine de Sant-Exupéry. Ao lermos suas histórias, nos tornamos um pouquinho mais fortes e passamos a acreditar que podemos superar nossos problemas que são tão banais comparados aos de seus personagens.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Uns Olhos

Andas na rua com o olhar no chão. Levantas a cabeça para o sinal e nesse instante encontras algo: um olhar. Tu ja vistes esses olhos antes.
Esses olhos já encontraram os teus. Há muitos anos. Esses olhos já te olharam, não por fora, mas por dentro. Viram tua alma nua e desamparada.
Esses olhos já conversaram com os teus, uma conversa eterna. Contaram histórias, dividiram segredos, trocaram juramentos silenciosos.
Esses olhos já fora teus melhores amigos, teus únicos cúmplices, teu principal motivo de vida.
Mas quando, meu Deus, quando? A quem pertencem esses olhos? Quem é esse estranho tão familiar a ti? O que houve entre aquele olhar e o teu?
Passas reto pelo estranho e deixas para trás mais uma vez tudo que aconteceu. Uns olhos. Há muitos anos.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O Não Saber

Prefiro a certeza à dúvida.
A certeza é um fato, uma verdade. A dúvida é o não saber.
Não saber se foi bem naquela prova. Não saber se deve confiar em alguém. Não saber se vai gostar daquela festa. Não saber se deve seguir seus intintos. Não saber se aquilo foi uma mentira. Não saber se ele está com outra. Não saber se aquele parente vai sobreviver àquela cirurgia. Não saber se seus sentimentos são recíprocos.
O não saber me consome. Sem as respostas para minhas perguntas o que me resta é criar em minha mente possíveis soluções. Algumas dessas soluções imaginárias me aliviam a sensação de incerteza momentaneamente, entretanto muitas delas me fazem sofrer antecipadamente por algo que é incerto. O não saber dói.
Quando você tem a certeza, você pode começar o processo de aceitação e depois o de superação, mesmo que seja difícil e demore. Quando você só tem a dúvida, ambos os processos são inviáveis. Como superar algo que você não sabe se é verdade?
Mas às vezes não temos recursos para esclarecer nossas dúvidas. Então, somos obrigados a conviver com o não saber e precisamos aprender a não permitir que ele tome conta de nós. Às vezes só precisamos ter um pouco de fé, seja em nós mesmos, em outros ou em um Deus. Através da confiança o não saber vira o saber e a certeza substitui dúvida.

domingo, 18 de abril de 2010

Honestamente

Sinto sua falta. Essa é a verdade.
Por que quero tanto falar com você? Parece que meu corpo e minha mente necessitam disso. Quase como oxigênio.
Tenho pensado muito em você nos últimos dias... Como você está? Como está indo sua carreira? Você já conheceu alguém que possa "me substituir" de certa forma? Alguém que possa interpretar o meu papel?
E se você já tiver encontrado? E estiver feliz com ela? E não pensar mais em mim... E se eu ficar em preto e branco na sua memória? E se aos poucos os rolos de filme da nossa história começarem a se desfazer? E se um dia eu for alguém de quem você se lembra vagamente? Uma imagem embaçada pelo tempo...
Talvez eu esteja parecendo meio egoísta pensando nessas coisas. Talvez você realmente precise me esquecer, para seguir adiante tranquilo, e não cabe a eu impedi-lo.
Mas esses são meus pensamentos honestos. Nada posso fazer para mudá-los.
Eu gostaria de ter você de volta, como amigo. Será que isso ainda é possível?
Ou quem sabe eu só queira alguém para suprir minha vontade de ter alguém tão especial por perto. E enquanto não encontro ninguém novo que possa representar esse papel em minha vida, papel este que foi escrito originalmente para você, estou sempre querendo que você abra uma exceção e prolongue o seu contrato. Só mais um pouquinho... Só até eu encontrar um substituto.
Mas não é tão fácil assim. Preciso mudar um pouco o script. Ninguém mais pode interpretar o mesmo personagem que você. Não seria justo.
É, parece que às vezes a vida é mais forte do que nós...
Só queria que você soubesse que você nunca será preto e branco ou cor de sépia em minhas memórias. As lembranças que tenho de você sempre serão coloridas, mesmo as de dias cinzentos. Espero que o tempo seja gentil e não desfaça os rolos de filme da nossa história para que eu possa assisti-los novamente sempre que desejar. E se sua imagem algum dia embaçar em minha mente, arranjarei lentes, para continuar a vê-la nitidamente.